Stiletto: a dança sob saltos
- impactoesportivo
- 22 de nov. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 24 de nov. de 2018
Inspirada no jazz, hip hop e rap, a prática vem ganhando espaço nos estúdios de dança do Recife.
Por: Paula Aguiar e Thaís Schio
Edição: Giovanna Camargo
Considerada uma dança comercial, aquelas pensadas no desempenho da coreografia em frente às câmeras, o Stiletto se popularizou depois que as consagradas divas do pop, como Madonna, Britney Spears e Beyoncé, entre outras, usaram esse estilo para se apresentarem em seus shows e videoclipes. A dança desceu dos palcos para ganhar os estúdios de dança e conquistar interessados em conciliar arte e atividade física.
Inspirado no jazz, hip hop e rap, pode-se dizer também que o Stiletto surgiu da mistura de elementos presentes em danças como Waacking, Burlesque, Lap Dance e Vogue, que têm um estilo muito semelhante, e foi criado por conta da necessidade de bailarinos profissionais aprenderem a dançar sob o salto alto.
Caracterizada por movimentos com as mãos, pés, ombros, quadris, jogadas de cabelo, olhares sensuais e o famoso carão, a dança é recomendada para todas as idades e gêneros, principalmente por possibilitar um trabalho muscular intenso nos glúteos, pernas, panturrilhas, coxas, abdômen, períneo e braços, além de desenvolver o senso de elegância e confiança.
O professor de dança Edson Vogue, licenciado pela Universidade Federal de Pernambuco, dá aulas de Stiletto desde 2012 e explica que a oportunidade surgiu na época por conta da enorme procura por essa modalidade. “O Stiletto estava na moda e foi um período que estava todo mundo dançando com salto. Conciliou também de ser no tempo em que a Madonna lançou o clipe ‘Girl Gone Wild’ e todo mundo queria aprender a dançar essa música”, conta.
Por ser uma prática em que é preciso usar salto para realizar os movimentos, o senso comum enquadraria o Stiletto como uma dança restrita ao universo feminino. Mas os homens, mesmo que em menor quantidade, também escolhem essa prática para se fortalecer fisicamente. Edson diz que já teve alunos mas explica que, em geral, eles desistem mais rapidamente e os motivos são inúmeros. “Um deles é a vergonha. Muitas vezes os pais, a família e o pessoal do trabalho, por exemplo, nem sabe e eles não querem que as pessoas descubram. Também existem casos em que começam a namorar e o parceiro não gosta que ele faça uma dança que aflore o lado feminino. Muitos preferem deixar as aulas a ficar sem namorado”, lamenta.


Os encontros para as aulas acabam indo além da prática em si. Edson comenta que a sala se torna um espaço para que ajude seus alunos a se empoderarem e se enxergarem de forma mais amorosa. Questões como gordofobia, racismo e machismo também são conversadas entre um passo e outro. “Muitas alunas não se importam mais com as gordurinhas, isso passa a não fazer mais sentido, por exemplo. Para os que abandonam as aulas, sempre alerto dizendo que, em um relacionamento, se a pessoa ama você e te respeita ela vai respeitar suas escolhas também. É uma troca muito rica”, comenta.
Para além dos benefícios físicos e estéticos, as práticas proporcionam um ganho extra de autoestima e segurança. O professor comenta que vários de seus alunos chegam completamente envergonhados mas, com o tempo, teve a oportunidade de ver vários deles desabrocharem para uma nova versão de si. “Muitos chegam aqui com depressão e ansiedade. Outros chegam dizendo que não sabem dançar ou andar de salto mas é engraçado como isso vai mudando à medida que a gente vai trabalhando. Eles começam a se superar, a terem o desejo de aprender mais e começam a dizer que estão andando na rua com mais confiança, mais empoderados”, garante.
A jornalista Adrielle Freitas é uma das alunas e lembra como sua autoimagem era distorcida antes das aulas. “Apesar de já vir da dança, me achava mais tímida, mais feia. Agora estou me sentindo mais mulher. No jeito, no comportamento, a minha postura está melhor e estou muito mais confiante”, diz.
Antes das aulas, Adrielle já fazia dança de salão há 10 anos, mas dois anos atrás conheceu o Stiletto e desde então procurava estúdios de dança onde pudesse praticar. Foi quando encontrou o local onde Edson dá aulas. Ela conta que mesmo dançado tanto tempo da sua vida, o Stiletto lhe proporcionou um ganho de amor-próprio muito grande e até fazer os movimentos nas aulas de dança de salão se tornou mais fácil. “Meu lado feminino, sensual, aflorou com as aulas. Faço as coreografias com mais sensualidade e confiança”.
Fazer coreografias em que o corpo quase chega a exaustão não é o único desafio. Há algumas semanas ela foi assediada nas redes sociais por uma das pessoas que a segue, logo após postar um vídeo onde dançava Stiletto. “Às vezes posto vídeo das aulas, e aí um homem veio dar em cima de mim. Não tinha intimidade com essa pessoa e falei logo que aquilo não era um convite. As pessoas confundem sensualidade com liberdade para dar em cima e eu detesto esse tipo de comportamento masculino”, lembra. Mas, apesar disso, ela diz que o caminho é conversar e conscientizar as pessoas que têm esse comportamento, fazê-las entender que ele não é aceitável de forma nenhuma.
Apesar do glamour, a prática pode trazer algumas consequências e danos à saúde caso o aluno não seja orientado por um profissional. Mesmo sendo um ótimo aliado para entrar em forma, a prática, associada ao salto, traz uma grande sobrecarga ás articulações dos membros inferiores. Por isso, o mais adequado é associar prática e exercícios de fortalecimento das articulações, seja em uma academia ou com algum outro exercício. Outro ponto importante é a escolha do sapato. Se for escolhido da forma errada, em vez de promover equilíbrio, pode causar uma torção no pé ou tornozelo, gerando problemas sérios.
Além disso é necessário que haja um aquecimento inicial para garantir que as articulações fiquem devidamente lubrificadas para que elas deem o suporte necessário aos impactos que os movimentos provocam nos músculos.
Gostou do Stiletto e quer saber onde é possível fazer aulas? Se liga no endereço dos estúdios:
Jacqueline Colares - Atelier de Dança R. Álvares Cabral, 280 Telefone: (81) 99620-4371
Studio De Danças Aneska França Rua Dom Bosco, 855 - Boa Vista Telefone: (81) 99511-0017
Comments