Remando pela volta a glória
- impactoesportivo
- 3 de dez. de 2018
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O tradicional esporte dos ingleses atravessa o Rio Capibaribe há mais de um século
Por Diego Carvalho e Lucas Falcão
Edição: Thiago Barreto
O remo apareceu em Pernambuco em fevereiro de 1885, trazido e incentivado por um grupo de ingleses que vieram para o Estado. As primeiras competições eram marcadas durante animados passeios que, geralmente, iniciavam na chamada Bacia do Capibaribe, o primeiro local de pratica do esporte no Recife. A primeira equipe que surgiu foi o Club de Regatas Pernambucano, fundado pelos primeiros remadores da região metropolitana. Por ser um esporte de alto custo, era praticado com mais frequência pela elite da sociedade da época.
A primeira disputa oficial em Pernambuco aconteceu em 12 de julho de 1885, na bacia do Gasômetro, no bairro do Pina. A competição da regata foi promovida pelo Club de Regatas Pernambucano. Neste dia, 17 embarcações participaram da disputa: Zephiro, Cllíope, Vênus, Raios, Excelsior, Pyro, Neptuno, Santarello, Meduza, Acaso, Guerreira, Medrosa, Voador, Olga, Melpomene, Fluminense e Dick.

Pernambuco tem um dos clubes de futebol mais tradicionais do estado e do Brasil: o Clube Náutico Capibaribe. A equipe vermelha e branca teve início no remo, assim como outros clubes do país. Fundado em 1901, o Náutico (como é popularmente chamado) começou a ter crescimento após atrair o público para a prática do remo. As competições eram prestigiadas por inúmeros assistentes que lotavam as margens da bacia do rio Capibaribe.
Pedro Ferreira (25) é ex-atleta do clube alvirrubro e, atualmente, é técnico da equipe de remo do Náutico. Apesar de ser um esporte pouco falado pela mídia, o remo continua sendo valorizado e atraindo remadores. “Temos muitas competições, o que vem se tornando um bom cenário. As disputas vão desde torneios no próprio estado até torneios pelo Norte e Nordeste. Além disso, temos bons atletas com qualidade que tem trazido sempre bons resultados”, afirma Pedro.

O remo é um esporte completo, que exige velocidade, força, resistência e dedicação. O processo de treinamento se inicia com um simulador, no qual os jovens atletas passam por três aulas teóricas. Em seguida, os alunos vão para o treino com o barco, que fica amarrado na costeira do rio. Para poder sair remando livremente, os atletas precisam de muito treino. “Só consigo sentir que o aluno está pronto com cerca de um mês, em média. Depois que eu perceber que ele está em condições de remar sozinho, eu o libero para os treinos livres na água. Agora, isso também vai depender muito do talento do atleta”, reforça o técnico.
As competições de remo são divididas em três categorias: até 18 anos, sub 23 e Sênior, que não tem limites de idade. A sub 23 e Sênior são divididas pelos pesos leve e aberta. Nas competições formadas por peso leve, o feminino vai até 59kg, e o masculino até 72,5kg. Entretanto, a média dos barcos nas competições coletivas não podem superar 57kg no feminino, e 70kg entre os homens. As disputas variam de acordo com o ambiente. No Recife, em especial, as provas são mais desafiadoras, por conter uma leve correnteza nos braços de rios, entretanto o cumprimento oficial das competições de remo são de 2.000 metros.
Assim como muitos esportes, o remo também tem suas dificuldades e um deles é a parte da sustentação financeira, visto que o custo de materiais e manutenção dos barcos é alto. “Chegamos a gastar de 40 a 100 mil reais em barcos,que são de vários tamanhos e têm preços diferentes, dependendo da categoria que pretendemos participar. Já com o remador (o material) nós gastamos pelo menos cinco mil reais em cada e são matérias que tem que ser constantemente renovados”, pontua Pedro. A poluição no Rio Capibaribe também é um problema que afeta diretamente no esporte. Na rotina de treinos é comum encontrar o rio em péssimas condições, com lixo por toda parte.
O treinador que já participou de competições e modalidades de remo em Pernambuco, coleciona como atleta muitas conquistas. Hoje, o técnico trabalha para formar outros atletas de destaque no Náutico, e segue com a esperança de que o esporte volte aos dias de glória. Confira no vídeo:
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