O perigo dos esteroides e suplementos alimentares
- impactoesportivo
- 29 de nov. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 30 de nov. de 2018
Produtos que estão na moda, mas não são só benefícios
Por: Marcilio Albuquerque
Edição: Giovanna Camargo

Na busca por um corpo atlético e musculoso, muitas pessoas acabam recorrendo a métodos pouco saudáveis que podem ser prejudiciais à saúde. Como exemplo, temos a utilização de esteroides, também conhecidos como anabolizantes ou “bomba”.
Melhorar o rendimento esportivo e aumentar a massa muscular são os principais motivos que levam as pessoas a fazerem uso desse tipo de substância. Apesar de não ser ilícita, ou seja, proibida, a substância precisa ser receitada por médicos, sendo que seu uso é estritamente proibido para atletas.
“Eu comecei a usar quando fazia musculação em uma academia do meu bairro, era muito jovem e queria crescer logo, aí um conhecido de lá me ofereceu os esteroides. Eu comecei a tomar, e via a mudança acontecer muito rápido, de um jeito que eu não teria paciência se fosse diferente. Aí comecei a usar cada vez mais, e logo os efeitos colaterais foram aparecendo” conta o estudante de direito Cézar Santo Lira, 23 anos.
Segundo ele, o primeiro efeito colateral foi a mudança repentina de humor, que estava acontecendo frequentemente. Se em um momento ele estava feliz e rindo com os seus amigos, no minuto seguinte ele poderia estar brigando, inclusive com confronto físico, sem nenhuma razão aparente. Os amigos de Cézar relatam que ele era como uma bomba relógio, que sempre podia explodir a qualquer momento. Isso afastou, inclusive, a noiva do rapaz. Ele diz que começou a namorar com Michelle quando os dois tinham quatorze anos, e depois de seis anos de namoro, a pediu em casamento. Foram noivos por seis meses, e segundo Michelle, ela amava quando ele era romântico, como fora em todo o namoro, mas depois que começou a usar seus esteroides, Cézar perdeu todo o romance que tinha. Ficou agressivo e, por vezes, falava coisas que tinham a intenção de magoar Michelle, até que a estudante de enfermagem não aguentou mais aquela relação e terminou tudo com ele.
Cézar conta que foi a partir daí que percebeu que aquelas substâncias estavam destruindo sua vida. Conta que pensou em suicídio, e até ia tentar fazer o ato, mas quando seu irmão o viu em uma situação vulnerável, Cézar pensou melhor e viu que era melhor pensar em sua recuperação.
Ele se consultou com um endocrinologista, que o orientou a não parar com os esteroides de uma vez, para não sofrer de uma crise de abstinência muito grande. Ele então foi diminuindo aos poucos as suas doses, e cada vez mais foi se sentindo melhor. Conta também que em certo momento viu que deveria fazer aquele processo de desintoxicação não por Michelle nem por outra pessoa de seu convívio, mas por ele mesmo. Hoje, faz oito meses que Cézar está longe dos esteroides, e quando questionado, revela: “Não tenho vontade alguma de voltar a usar. Até porque aqueles músculos que eu ganhei não eram de fato meus. Não existia ali nenhum trabalho para fortalecer os músculos, era só um volume vazio, apenas acrescentava músculos visualmente”.

Outro perigo é o abuso de suplementos alimentares, que é mais uma celebridade para os frequentadores de academias e praticantes do fisiculturismo. O mais famoso é o Whey Protein, uma espécie de suplemento proteico que dá energia e ajuda a desenvolver melhor o físico.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri), existem cerca de 10.000 postos de comércio de suplementos, e o Whey Protein é responsável por 60% das vendas.
Mas nem sempre o suplemento vira um herói, às vezes, nem mesmo pode ser considerado um ajudante, pois o seu consumo exagerado pode causar vários problemas, entre eles a acne, e também pedras nos rins.
Durante o exercício físico, os músculos sofrem pequenas lesões, que são “curadas” pelas proteínas sintetizadas por células do tecido muscular durante a atividade física. Acredita-se que o consumo de Whey Protein – elaborado a partir da proteína extraída do soro do leite – acelere esse processo e potencialize o aumento da massa magra.
Quando a proteína entra no corpo, ela é quebrada por enzimas e transformada em partículas menores, os chamados aminoácidos. O organismo necessita de 1 a 1,4 grama de proteína por quilo de peso por dia para desempenhar todas as suas funções e promover o crescimento muscular. Uma quantidade superior a essa, adquirida pela alimentação ou pelo Whey Protein, não oferece nenhum benefício ao corpo. “O consumo superior de proteína só é necessário para atletas de alta performance, que praticam atividades físicas muito intensas”, diz Bruno Halpern, endocrinologista e coordenador do Centro de Controle do Peso do Hospital 9 de Julho, em São Paulo. Sobre o consumo exagerado da substância, a nutricionista Nathália Gomes Albuquerque fala: “É difícil os pacientes não usarem os suplementos alimentares, e quando deixo de passar este item em suas dietas, eles reclamam e alguns até deixam de frequentar meu consultório” E o que não faltam são orientações. “Por isso, sempre tenho que passar a dosagem correta e avisar, às vezes até implorar aos pacientes, que eles não passem daquilo que receitei. Mas muitos não ouvem, agem como se eles mesmos fossem seus nutricionistas”, completa.
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