Paixão desperta a memória dos torcedores do Sport Clube do Recife
- impactoesportivo
- 14 de nov. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de nov. de 2018
Reportagem: Lidiane Souza e Júlio César
Edição: Thiago Barreto
Na Rua do Imperador, no centro do Recife, em um prédio onde no passado funcionou a primeira cadeia da cidade hoje funciona o Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano (APEJE). Tombado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) como patrimônio cultural, o lugar abriga uma variedade de documentos, desde manuscritos dos séculos 17, 18 e 19, até todos os documentos vindos de outros órgãos públicos. No acervo do APEJE também estão coleções de fotografias históricas do interior do estado.
Clodomir Campelo (54) é historiador e servidor do Arquivo Público. Apaixonado pelo time da Praça da Bandeira, o Sport, a casa dele é uma das provas desse amor. Toda decorada com troféus, bandeiras e até uma geladeira colorida nas cores preto e vermelho, o doce lar é considerado por ele como um templo. Sócio do clube desde 1986, nunca faltou a um jogo, dentro ou fora do estado. Essa paixão inexplicável cresceu com Clodomir desde quando ainda era criança vendo o time jogar perto da casa onde morava com os pais.


Toda a família dele torce pelo arquirrival do Leão (mascote do Sport): o Náutico. No entanto, ele se manteve fiel ao leão da Ilha do Retiro até hoje. Essa fidelidade já causou diversos episódios. Clodomir entrou em confronto com a filha e a esposa, deixou de trabalhar para assistir a um jogo e viajou para uma partida fora do estado sem dinheiro no bolso. Quando faz aniversário, por exemplo, os presentes que mais gosta de ganhar são camisas e canecas do Sport Clube do Recife.

Outra demonstração do torcedor acontece no dia 13 de maio, data de nascimento do time rubro negro. Desde quando o Sport completou o centenário de fundação, em 2005, Clodomir costuma acordar às seis da manhã para soltar fogos. “As pessoas na rua pensam ser em devoção a nossa Senhora de Fátima, mas é para o meu Sport. É uma devoção religiosamente esportiva”, ele brinca.
E como se não bastasse as loucuras da paixão pelo futebol, Clodomir, no tempo de escola, durante uma prova, se deparou com uma questão que tinha a pergunta: “O que é um juiz? ”. A resposta do aluno fanático não podia ser outra: “Sebastião Rufino” (árbitro de futebol da época). A história, segundo ele, foi parar no jornal da época e a nota zero não desanimou o torcedor.
A paixão desenfreada aliada a profissão, fez ele pesquisar jornais com matérias e reportagens do Sport, desde a fundação do clube. A pesquisa começou seis meses antes do centenário do time. A ideia era montar uma “exposição do centenário”, mas o projeto acabou não acontecendo. De acordo com o pesquisador, o Sport e empresas foram procurados mas não houve interesse no patrocínio da exposição.
Confira alguns dos jornais que contam a história do Sport, e que fazem parte da pesquisa de Clodomir:
Outro torcedor que fez loucuras pelo time é Carlos Alberto (42), professor de História, e, como Clodomir, também funcionário no Arquivo Público. Natural de São Paulo, a paixão pelo Sport despertou quando veio para o Recife.
A maior loucura de amor pelo Sport foi se ausentar de um dia de trabalho para participar de um sorteio, onde conseguiria conhecer a Ilha do Retiro. “Foi recompensador ganhar e conhecer a toca do leão, o campo, os troféus e tudo mais”, declara. Hoje, ele administra um grupo no Whatsapp de torcedores do time.

Segundo o diretor do Arquivo Público Félix Filho, a instituição tem uma das maiores coleções de arquivos do Brasil, com cerca de 15 mil edições de jornais dos séculos 19 e todos exemplares do século 20, incluindo também jornais que saíram de circulação, como o Correio de Pernambuco, Jornal Pequeno, Folha da Manhã, Diário da Noite, entre outros.
De acordo com ele, o acervo conta com o primeiro exemplar do Diario de Pernambuco e o Jornal Aurora, primeiro periódico editado no estado em 1800. Ainda segundo Félix, o arquivo já realizou, durante a Copa de 2014, uma exposição com todos os jornais das Copas do Mundo. Até hoje, o arquivo é frequentado por jornalistas esportivos de emissoras de TV, rádio, jornal, estudantes de jornalismo e pesquisadores de diversas áreas.
Sobre a pesquisa de arquivos do Sport para comemorar o centenário do clube, feitas pelo colega de trabalho, Clodomir, o diretor afirma não ter conhecimento. “Não sabia disso. Achei interessante até porque tenho orgulho de dizer que o Sport faz a história de Pernambuco”, pontua. Félix defende que, se realizada, a exposição em homenagem ao Sport, também seria possível abrir um espaço para homenagear Naútico e Santa Cruz, os outros dois grandes da capital pernambucana.
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