Chuva vermelha
- impactoesportivo
- 3 de dez. de 2018
- 1 min de leitura
Por: Nuno Talicosk
Meus “xovens”, talvez pareça um título metafórico e poético, mas vos asseguro que tem a ver com esporte. Pois bem, era para ser uma quinta-feira como qualquer outra, porém foi diferente. Meu amigo, ex-companheiro de sala de aula, me chamou para assistir um jogo do Santa Cruz – devo confessar-lhes que não sou muito ligado a esportes, mas eu fui para passar o tempo.
O campo estava lotado – o que não era de esperar o oposto. As pessoas vibravam. Cantavam hinos que eu nunca escutara antes. Uma maré de vermelho poderia ser vista caso tivéssemos uma câmera 306˚. Meu amigo estava já no campo – esqueci de falar para vocês que ele era um dos árbitros da partida. Eu não entendia muito bem o que acontecia ali, nem muito menos vibrava como as pessoas que ali estavam. Estava feliz e emocionado, apenas, por ver meu amigo ali, trabalhando.
Começou a chover. Num determinado momento do jogo, quase perto de acabar, meu amigo, segundo alguns torcedores revoltados, apitou erroneamente algum movimento, dando “vantagem” ao time da oposição. O tricolor é tinhoso, viu?!
A partida chegou ao fim. Eu me despedi do meu amigo e pedi um Uber para voltar para casa. Ele ficou. Chovia muito, muito mesmo. Ao chegar em casa, pego meu celular e, para minha tristeza, vejo os jornais noticiando: “Árbitro é agredido por torcedores após jogo do Santa Cruz x Porto.” Aquela imagem do rosto sangrando não saiu da minha cabeça. A água da chuva se misturou com o sangue. Era meu amigo, meu xovem, mas poderia ser o seu também.
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