Movimentação ao ar livre
- impactoesportivo
- 20 de set. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 22 de out. de 2018
A Academia da Cidade, programa idealizado pela Prefeitura do Recife, oferece atividades físicas gratuitamente em várias partes da cidade.
Por: Lidiane Souza e Marcílio Neto
Edição: João Gabriel
A atividade física e o esporte são indicações de todos os médicos para uma vida saudável. Com isso, a Prefeitura do Recife lançou, em 2002, o programa Academia da Cidade. O desafio da gestão municipal centrava-se em minimizar contrastes sociais e econômicos, em busca da melhoria das condições vida da população por meio da oferta de serviços públicos que garantissem a inclusão social.
Além de promover melhores condições de saúde aos recifenses, o programa tem como objetivos incentivar a prática de esportes e exercícios físicos, oferecer espaços públicos de lazer e veicular informações relativas a formas de alimentação saudável, investindo, assim, na qualidade de vida das pessoas e na elevação da autoestima.
No que se refere à intervenção da prefeitura no tratamento de doenças, foi dada atenção especial à importância das atividades físicas para o controle de males crônicos e degenerativos. Maria Amélia da Silva (64) é aposentada e possui hipertensão e osteoporose. Todos os dias, ela frequenta as aulas de ginástica na Academia da Cidade do bairro de Casa Amarela, zona norte do Recife. Ela afirma que houve uma melhora em seus problemas de saúde. Além disso, os exercícios a deixa muito mais alegre e lhe dão prazer. “Eu venho todos os dias sem nenhuma preguiça. Me faz bem”, diz ela.
Carlos Morais de Melo (82), que prefere ser chamado de “Novinho”, é segurança. Apresenta-se como o mais antigo frequentador da Academia da Cidade de Paulista, na região metropolitana do Recife. Antes da criação do programa, limitava-se a fazer caminhadas nas redondezas. Hoje, participa de segunda a sexta das aulas ministradas pelos professores de educação física. Ele recomenda: “Esse programa deveria ser por todos os países. Modificaria as condições da vida humana, tornando-a muito melhor”.
A comunidade contemplada com um polo se beneficia de uma estrutura física que incrementa praças, parques e espaços especialmente planejados para atividades coletivas relacionadas à promoção da saúde. Da mesma forma, não havendo espaços públicos de lazer a serem requalificados, o programa é implantado a partir da instalação dos equipamentos.
Segundo a Prefeitura do Recife, as academias, que funcionam ao ar livre, contam com 26 equipamentos cada uma. Todos em aço inoxidável e resistentes à chuva e ao sol. As atividades são de graça e o funcionamento vai de segunda a sexta, das 5h30 às 9h30 e das 17h às 21h, e também aos sábados das 6h às 10h. Até o final de 2008, a cidade possuía 20 Academias da Cidade. Hoje, já são 33 polos prestando serviços à população. Dos dez polos construídos nos últimos três anos, algumas unidades foram erguidas pelo Governo do Estado, que repassou sua administração aos municípios de Jaboatão dos Guararapes e Paulista.
Só na capital, são atendidos 60 mil usuários por mês. Para oferecer toda assistência necessária à população, atualmente o programa conta com quase cem profissionais das áreas de Educação Física. Elielton Ribeiro (29) é educador físico da Academia da Cidade do bairro da Macaxeira, também na zona norte do Recife. Ele se sente satisfeito com o rendimento e frequência de seus alunos. “Vejo dedicação e comprometimento em todos eles. Com isso, vemos resultados”, conta.

Falhas no programa
Em seus 16 anos de existência, as academias são vítimas de vários problemas. Os principais deles, segundo alguns frequentadores, são os roubos e a infraestrutura precária de alguns equipamentos. Por recomendação médica, Maria do Socorro Dias (60) malha todos os dias na Academia da Cidade de Boa Viagem, zona sul do Recife. “Aqui falta muita coisa, os bancos das máquinas estão trincados. Algumas também estão sem calço. Isso é um perigo”, fala a aposentada. Colchonetes rasgados, máquinas soltas e halteres incompletos também são incômodos para quem costuma fazer atividades físicas por lá.
Segundo o professor de educação física Rogério Freitas, a equipe também se prejudica. “É difícil para nós também. Sempre é. Às vezes, quando vem algum idoso malhar, a gente fica com medo dele cair e se machucar, sabe? Quanto a isso, só podemos ter atenção redobrada e também pedir para todos para nos ajudar a cuidar das academias. Sendo um projeto voltado para a comunidade, a responsabilidade também é dos moradores da região e de quem usa os equipamentos”, desabafa.



Questionada sobre os problemas, a Prefeitura do Recife informou, através de sua assessoria de comunicação, que uma equipe irá à academia em questão para consertar os equipamentos. Entretanto, ainda não há previsão de data para isso acontecer.
Reconhecimento internacional
O programa é um dos poucos do Brasil avaliados cientificamente até hoje. Segundo estudos relativos às Academias da Cidade realizados pelo Center for Disease Control and Prevention (CDC), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos e um dos mais renomados do mundo sobre controle de doenças, 80% dos usuários e 84% dos professores de Educação Física estão satisfeitos com a execução do programa.
A Academia da Cidade segue como uma das principais ações da Prefeitura do Recife e do Governo de Pernambuco para a promoção da saúde da população. Ao longo de seus 16 anos de existência, o programa foi contemplado com vários prêmios e tornou-se referência para implantação de projetos semelhantes em Aracaju (SE) e Belo Horizonte (MG).
Em 2011, foi utilizado como principal modelo pelo Ministério da Saúde para elaboração do Programa Academia da Saúde, lançado no mesmo ano, com recursos financeiros para construção do polo e custeio das atividades, e destinado a todos os municípios.
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