Genuinamente brasileiro
- impactoesportivo
- 11 de out. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 23 de out. de 2018
Capoeira é um dos esportes que foram trazidos para o Brasil, fazendo parte da construção de uma identidade nacional.
Por: Júlio Cesar e Lucas Falcão
Dança, luta, e jogo são algumas definições sobre a prática da capoeira. Essa manifestação cultural afro-brasileira, criada pelos povos tradicionais começou a ser pesquisada no século 18. A prática entrecruza a musicalidade dos instrumentos, o canto e as palmas das mãos. Um ritual marcado por expressões corporais, onde os golpes de braços e pernas revelam uma ginástica rítmica.
O fato é que ainda há muito o que se definir sobre as diversas maneiras de entender a prática da capoeira e suas diversas nuances. “A capoeira é arte e é esporte. É uma manifestação polissêmica, uma arte subjetiva presente na preparação do corpo e no processo criativo no teatro e na dança”, opina a capoeirista Gabrielle Conde.
Segundo dossiê do Instituto Histórico do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, há três versões da origem da capoeira: a de que a manifestação nasceu na África Central e foi trazida para o Brasil pelos africanos escravizados; a que se acredita ter sido criada pelos quilombolas e a versão que aposta na interculturalidade entre quilombolas e indígenas.
No Brasil, as cidades portuárias eram as mais habitadas pela população africana e, com a vinda da família real portuguesa ao Brasil, em 1808, a capoeira passou a ser criminalizada. Muitos dos capoeiristas considerados rebeldes e perigosos foram presos pela polícia em várias partes do país. Outros ficaram exilados na Ilha de Fernando de Noronha (PE). Uma lei foi criada na década de 1930 para punir quem praticasse o esporte em praças e ruas.
Um dos personagens emblemáticos para a socialização da capoeira regional baiana foi o Mestre Bimba. Ele disseminou o jogo em escolas e clubes esportivos a partir da década 1920. Em 1941, o presidente Getúlio Vargas assina o decreto 3199, que oficializa a capoeira como o único esporte genuinamente brasileiro, gerando uma polêmica que divide opiniões até hoje.
Na tentativa de fazer do capoeirista um atleta e da capoeira um esporte, em 1972, o Conselho Nacional de Desportos iniciou o processo de descaracterização dessa prática, eliminando os rituais de culto à ancestralidade, passando assim a seguir normas específicas. Outra instituição que apoiava em 1974 a capoeira como esporte era a Federação Paulista de Capoeira, criada por discípulos do Mestre Bimba.
Mestre Baygon acredita que a capoeira de Angola não é esporte nem religião. Segundo ele, a ancestralidade é sua raiz imutável, mas admite ser um jogo que só perde quem não está na roda. “Não se trata de uma disputa como no jogo de futebol e sim uma luta por ânsia de liberdade e contra a escravatura”, defende.
Recriada e até folclorizada, a capoeira se expandiu em mais de 150 países. O jogo praticado nos quintais das casas e ruas dos bairros populares passou a ser ensinado em academias de educação física e escolas. Ao contrário da capoeira de Angola, que mantém viva e as suas raízes culturais de espiritualidade e ancestralidade preservando as suas tradições.
Em 2015, o mandado se segurança de número 33.826 feito ao STJ, pelo Instituto de Advocacia Racial (Iara), pedia a inclusão da capoeira como esporte mas sem haver competição nas Olimpíadas de 2016. O pedido foi rejeitado, alegando ser de responsabilidade do Conselho Público Olímpico (CPO) a decisão de incluir essa modalidade no evento esportivo.

Brasil tem outros esportes tradicionais
Apesar da importância histórica e cultural e da projeção nacional e internacional, a capoeira não é um único esporte reconhecidamente brasileiro. Outros já se destacam no cenário esportivo. Muitos dos esportes criados no Brasil são frutos de uma expressão popular que unem diversas modalidades em uma prática específica.



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