Deixa ela torcer
- impactoesportivo
- 22 de out. de 2018
- 2 min de leitura
Por: Lidiane Souza
“Mulher não entra em estádio”, disse um atrevido para o outro no dia que pisei pela primeira vez no Estádio Adelmar da Costa Carvalho, mais conhecido como Ilha do Retiro. Pensei na mesma hora em revidar, mas ora, logo eu que troco a novela por futebol, mil rosas amarelas por um gol do meu time de coração. Que sinto arrepios ao ver a torcida cantar o hino, também xingo o juiz de ladrão, minhas lágrimas escorrem pelo rosto ao ver meu Leão ser coroado.
“Mulher não entende de jogo” escutei, em uma roda de amigos, enquanto estava ansiosa esperando clássico Sport X Santa Cruz. Seria ignorância ou machismo pensar que mulher deve estar se maquiando no espelho, em vez de ficar em frente a uma TV de dedos cruzados esperando o placar virar. Mal sabem eles de que até a vaidade das unhas é esquecida na hora do nervosismo esperando aquele pênalti. Seria exibição citar cada jogador escalado no título de campeão de 87 ou falar sobre a vitória do Sport com 14 gols sobre o Santo Amaro, em 1976, que levou o recorde nacional de gols em uma só partida?!
Com o tempo fui percebendo que o problema que tinha era o mesmo de outras milhões que, iguais a mim, só queriam torcer pelos seus times, como qualquer homem o faz.
Ser mulher é remar contra a maré. É responder que sei sim o que é impedimento e outras perguntas óbvias toda vez que abrir a boca para falar de futebol. É ir à loja e não conseguir comprar uma camisa do seu time que lhe sirva. É ter que lidar com assédio o tempo todo no estádio e fora dele. E tudo isso é muito chato mas, mesmo assim, a gente gosta. Não se abre mão quando se ama, e futebol também é amor.

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