As meninas do Rugby Recife
- impactoesportivo
- 23 de out. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de nov. de 2018
Por: Lidiane Souza e Júlio César
Edição: Giovanna Camargo
Igualdade no esporte
Criado no Reino Unido durante o século 19, o Rugby mesmo não sendo tão evidenciado nas mídias, está presente em cada região do país. Segundo dados da CBRu (Confederação Brasileira de Rugby), o esporte está presente em quase todos os estados brasileiros. O país conta com cerca de 10 mil jogadores federados e aproximadamente 100 mil seguidores. O esporte tem fama de ser elitizado e praticado apenas por homens, porém, o campo de grama sintética e bola oval também abre espaço para as mulheres.
O Rugby feminino do Brasil tem destaque no cenário internacional. A seleção brasileira da modalidade ganhou 11 títulos sul-americanos consecutivos de 2001 a 2010 mas, mesmo com tantas conquistas, a participação feminina ainda é reduzida. "A modalidade termina sendo vista como algo menor, como uma mera brincadeira", afirma Tiago Moreira, ex-treinador do Recife Rugby Club Feminino, criado em 2005, no Recife.
A equipe surgiu dos encontros entre as esposas, amigas e namoradas dos praticantes do Rugby masculino. O primeiro time feminino foi composto por mulheres nordestinas, com uniformes brancos e azuis, inspirados na bandeira de Pernambuco.

“O que é isso, futebol americano?”. Essa é a pergunta que muitas atletas escutam quando estão treinando, apesar da modalidade estar entre as mais populares do mundo. “É engraçado quando digo para alguém que jogo Rugby. As pessoas perguntam o que é, se é muito violento, se tem aqui em Pernambuco, se tem competição e outros questionamentos. Mas sempre procuro responder a todos pois, quanto mais gente ficar sabendo do esporte no estado, melhor”, afirmou a atleta Rafaela Gabriela, de 26 anos.
Dificuldades
Mesmo sendo uma equipe “oficial”, a Recife Rugby ainda possuí características de esporte amador. Além da falta de treinador e de conhecimento das mulheres sobre o esporte, as jogadoras também precisam enfrentar a grande rotatividade de participantes.
Segundo Natanna Crthis, as dificuldades em formar uma nova equipe feminina no Recife, devem-se ao fato de o esporte ser pouco conhecido no estado. Ela explica que o time deve ser formado por no mínimo sete componentes e que embora venha fazendo postagens nas redes sociais convidando o público feminino a integrar o grupo, até o momento não apareceram candidatas interessadas. Porém, ela afirma ter esperança de formar uma nova equipe. "Temos muitos problemas financeiros, pois os melhores torneios são na região Sul/Sudeste e as passagens são caras. Os únicos apoios que temos são de uma academia do Ipsep, a Arena Fitness, que oferece a academia grátis para as atletas e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que cede o campo para treino. Também não temos nenhum apoio da mídia, o que fica difícil para nós divulgarmos o esporte e atrair novas atletas”, completa.

Por conta das dificuldades que sempre enfrentaram, em 2010, as atletas resolveram lançar um calendário com fotos sensuais feita pela fotógrafa Juliana Galvão, amiga do grupo, que resolveu ajudar a equipe. A decisão pelas fotos foi das próprias meninas que encararam a proposta como forma também de empoderá-las e, ao mesmo tempo, ajudar o time, segundo Renata Barros, jogadora e porta-voz da equipe. Segundo ela, o time está disposto a outros esforços para arrecadar dinheiro. Esforço, aliás, é algo que faz parte da rotina das meninas, que treinam três vezes por semana.

Qualquer pessoa que quiser conhecer um pouco mais sobre o esporte pode assistir ou mesmo participar dos treinos do Recife Rugby Club Feminino, realizados às terças, às 20h, no campo da UFRPE e às quintas, às 20h, na praia de Boa Viagem, em frente à padaria Boa Viagem. No domingo às 15h elas treinam novamente no campo da URFPE.

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