Ser ginasta: do sonho à realidade
- impactoesportivo
- 29 de nov. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 30 de nov. de 2018
Quando objetivos são realizados
Por: Júlia Farias
Edição: Giovanna Camargo
Desde criança, o sonho de Juliana Benício (23) era ser ginasta. Ela acompanhava as olimpíadas na TV e tentava fazer os movimentos das atletas. “Eu queria fazer ginástica artística. Amava assistir a Dayane dos Santos e a Daniele Hypólito. Achava muito incrível o que elas faziam. A ginástica rítmica não era muito vista”, expressou.
De início, a sua mãe, Maria do Socorro, não sabia onde eram oferecidos os treinos em Vitória de Santo Antão, sua cidade, no interior de Pernambuco. Na época, o município não tinha nenhum local que ofertava ginástica rítmica ou artística. Além disso, os pais de Juliana não possuíam condições financeiras para colocá-la em um centro esportivo em outra cidade e bancar com os gastos.
Juliana tinha uma vizinha chamada Aline, que estudava em uma escola onde passou a ter ginastica rítmica na qual ela, a vizinha, começou a praticar o esporte. Quando Juliana soube, ficou muito animada. Ela queria conhecer o local e participar de uma aula. “Eu implorava a minha mãe para ela me levar. Depois de muito pesquisar horários e preços, ela me matriculou”, falou com um semblante feliz.
Aos 11 anos, Juliana começou os seus primeiros treinos. “Como eu era iniciante e as outras meninas também, a gente meio que aprendia brincando. O plano de aula da professora era bem lúdico. Eu me apaixonei por ginástica rítmica. O arco, a bola, as fitas, as massas, a corda...”, disse.

Juliana, por ter muita curiosidade na GR, queria aprender constantemente sobre a modalidade. “Eu tinha prazer em praticar o esporte. No início, era sem os aparelhos, depois, começamos a ter aulas na quadra para aprender os lançamentos, ter mais espaços, não machucar alguém ao lado quando fôssemos lançar algum aparelho...”, pontuou Juliana.
A técnica de Juliana, Sheyla Maria, percebeu que ela conseguia fazer muitos movimentos. Ela falou que Juliana tinha potencial para competir, mas como ela era de outra escola, só poderia participar de apresentações e não de competições porque precisava ser aluna de onde praticava o esporte, para poder representar a escola. Era inviável para seus pais bancarem com os estudos em uma rede particular. Foi a partir disso que, com a ajuda de sua técnica, Juliana ganhou uma bolsa de estudos integral na escola onde treinava. “Eu abracei a oportunidade. Participei de vários torneios estaduais, competições e festivais. Vi que o meu sonho tinha se tornado realidade”, disse com satisfação.
Em meio a um dos treinos para uma competição, Juliana teve uma lesão na perna esquerda, que comprometeu sua flexibilidade e alguns movimentos. Ela passou um tempo se recuperando até voltar a treinar. Depois de um período, Juliana ainda teve que parar novamente por conta de um problema na sua rótula direita (situada na parte anterior do joelho e que permite a articulação entre a tíbia e o fémur), que havia saído do lugar.
Logo depois de sua recuperação, Juliana estava no ensino médio e tentava conciliar os treinos com os estudos. “Eu, acostumada com minha rotina de treinos e participações nos eventos da ginástica rítmica, tive que parar por conta de provas e cursinhos. Foi muito complicado. Isso mexeu demais com meu psicológico”, disse com ar de tristeza. Nesse meio tempo, ela começou a faltar bastante e chegou a hora que teve que parar de praticar o esporte. “Foi uma fase que só de lembrar dá vontade de chorar. Eu amava tudo. Meu corpo estava adaptado ao esporte”, falou abatida.

A partir disso, Juliana chegou à conclusão que iria tentar o vestibular em Educação Física para se tornar uma professora de ginástica rítmica e poder passar os seus conhecimentos às crianças com o mesmo sonho que o dela. “Eu iria deixar de ser atleta, mas estaria trabalhando com as ginastas e não me afastaria completamente da GR”, contou.
Em 2013, Juliana entrou na universidade. Ela passou no Bacharelado para Educação Física e ajudava a sua ex-técnica nas aulas. “Sheyla sempre me motivou e apoiou a minha escolha. Um tempo depois ela precisou sair da escola e ela me deixou no seu lugar, mas como eu não tinha o CREF (habilitação do exercício profissional de educação física), fiquei como estagiária, acobertada pela coordenadora de esportes”, pronunciou.

Segundo Juliana, a ginástica rítmica sempre está se atualizando e, depois de quatro anos, já tem um novo código de pontuação, novas notas, saltos e equilíbrios. “Sempre busco aprender mais. Participei de curso com a Vanessa Hagemann, com a Mônica Queiroz, técnica da Natália Gaudio, da Seleção Brasileira de Ginástica Individual e, sempre quando Pernambuco oferece cursos na área de ginástica rítmica, tento participar”, afirmou.
Hoje, Juliana ensina ginástica rítmica em duas escolas, entre elas, a que ganhou a bolsa de estudos. “Eu quero dar aulas até Deus me levar. Quero fazer parte e ajudar as meninas que tem o sonho de ser uma grande ginasta na vida. Eu sempre falo para as minhas alunas: se vocês amam a GR, nunca, nunca desistam daquilo que vocês querem tanto na vida, porque um dia vocês vão olhar para trás e dizer ‘e se eu tivesse desistido? eu não teria conquistado tantos objetivos’”, falou emocionada relembrando dos momentos que passou.

“A ginástica rítmica é a minha vida. Eu não vivo sem a GR. Ela nunca vai sair de mim. Eu sou muito feliz com a minha profissão. Eu amo de verdade. Sabe aquela frase ‘trabalhe em algo que você realmente goste, e você nunca precisará trabalhar nenhum dia da sua vida’? Eu sou um exemplo dessa frase” Juliana Benício
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